quarta-feira, 19 de junho de 2013

Tribuna reforça necessidade de valorização de artistas

(Foto: Andressa Barreto)
A valorização dos músicos e artistas da terra foi tema de debate, em Tribuna Livre solicitada pelo vereador Iran Barbosa, do PT, na tarde da última terça-feira, 18, na Câmara Municipal de Aracaju (CMA). O tema foi discutido por Antônio Saraiva dos Santos, o Tonico Saraiva, presidente do Sindicato dos Músicos Profissionais do Estado de Sergipe (Sindimuse), e pelo secretário de comunicação da Associação Movimento Salve, o músico Domingos Félix de Santana Neto, o popular Mingo Santana. Presentes também à Tribuna Livre os músicos sergipanos João da Passarada e Erivaldo de Carira.
De acordo com Tonico Saraiva, que agradeceu a Iran Barbosa pelo espaço na Tribuna Livre, a música e os músicos sergipanos estão pedindo socorro, e que os vereadores da capital podem ajudar a socorrer os artistas. "Vocês, mais do que ninguém, são testemunhas da nossa luta, pois já estivemos nesta Casa por duas vezes pelo Movimento Salve", contou.
  Em especial, Tonico ressaltou que nos eventos de grande porte de Sergipe, em destaque, Aracaju, os artistas sergipanos não tinham vez. "O que tinha vez era a cultura de outros estados e que levava o nosso dinheiro, que vinha do Ministério do Turismo e do Ministério da Cultura. Para o artista daqui, tinha um real; o de fora vinha e levava cinco, e quem perdia sempre era a nossa cultura", expos em miúdos o presidente do Sindimuse.
Saraiva lembra que o Movimento Salve, que reúne cerca de 400 músicos e artistas sergipanos, tentou nos dois últimos anos dialogar com o prefeito anterior, Edivaldo Nogueira, que recebeu o movimento, ouviu suas pautas e chegou a melhorar os cachês dos artistas sergipanos, pagos pela Funcaju.
"Mas muda o prefeito, muda o secretário de Cultura e novamente vamos ter que estar colocando para a sociedade sergipana que estamos pedindo socorro, porque mais uma vez não estamos sendo valorizados", disse.
Ele expôs que ao contrário do que vem sendo divulgado, a contratações dos artistas para tocar no Forró Caju não tem disso respeitosa. Apesar de vários artistas sergipanos terem sido contemplados, os cachês e as formas de contratação são aviltantes. "Só nós artistas sergipanos sabemos o que estamos sofrendo com esta atual gestão", afirmou Tonico, denunciando que a Funcaju fez contratações artista por artista, passando por cima da Associação Salve e "pechinchando" cachês "para quem quisesse".
"Isso é certo? É dessa forma que se faz cultura em Aracaju e no estado de Sergipe?", questionou.
Para Tonico, os vereadores da bancada de situação tem o dever de chamar o prefeito da capital e as pessoas da Funcaju para se afinarem com as pautas dos artistas sergipanos. Tonico resgatou uma reunião que teve com o prefeito João Alves Filho e com o presidente da Funcaju, Josenito Vitale, em que ficaram acordados alguns compromissos, em especial a contratação sem rebaixar cachês. Mas o acordo não foi cumprido.
"Vamos ter que afinar as cordas daqueles que fazem cultura em Aracaju, porque elas estão desafinadas. E esse vai ser o nosso papel enquanto sindicato", garantiu, lamentando que Aracaju não mais tem casa pública de forró e que o sindicato pleiteia junto à prefeitura um forródromo na Coroa do Meio para os artistas divulgarem o seus trabalhos.
O músico Mingo Santana agradeceu ao vereador Iran Barbosa pela abertura do espaço para debater a música e a cultura sergipanas. Mingo resgatou a fundação do sindicato, que se deu em 2006, mas que nunca foi efetivado por seus fundadores, o que só aconteceu este ano, com a eleição da atual diretoria, no mês de maio. "O sindicato está neste momento se organizando. Começamos com 212 associados e, em pouco tempo, mesmos em sede, já contamos com pouco mais de 400 filiados", revelou.
Mingo também destacou que o músico sergipano há muito que é desvalorizado e tratado com desdém em sua própria terra e lamentou que o palco do Forró Caju não homenageia nenhum artista sergipano. Ele cobrou da Câmara a premiação que foi prometida para a gravação de um hino e até hoje não se concretizou. Ele também cobrou a recontratação de artistas "cortados" pela atual administração por terem sido muito agraciados pela administração anterior, como a banda NaurÊa.
"É preciso também priorizar a música autoral. Somos um estado que tem dos maiores números de ritmos. Precisamos de um respeito maior a categoria dos músicos e valorização à nossa música, o que vai fazer bem a todas as outras áreas. Precisamos vender mais o nosso peixe", defende, lembrando que muitas rádios locais sequer pagam direitos autorais aos artistas da terra.
Mingo defendeu, ainda, um Conselho de Cultura com pessoas que tenham entendimento do setor, sentimento coletivo e que possam fortalecer a cultura. "E com cultura forte, vamos ter mais turismo. A música e os músicos sergipanos ajudam muito nisso", ressaltou.
O vereador Iran Barbosa, autor da propositura de Tribuna Livre, parabenizou os dirigentes do Sindimuse pela recente eleição e pelo trabalho de organização da categoria, desejando sucesso na representação da comunidade musical de Sergipe.
Iran destacou que propôs o espaço justamente pelo momento oportuno para isso, em função do calendário junino, que é muito forte para os aracajuanos e para os sergipanos. "É o momento propício para priorizáramos a pautas dos músicos e que envolve a luta por reconhecimento, valorização e fortalecimento da nossa identidade cultural, que se reforça com a oportunização de mais ou menos espaços para quem constrói essa identidade, que são os nossos músicos e artistas", disse.
O parlamentar lembrou que existem práticas e propostas que sinalizam para a valorização dos artistas da terra. Neste sentido, apresentou na Câmara Municipal, durante votação do projeto de reestruturação administrativa da Funcaju, emenda para garantir a presença de um membro da comunidade artística de Aracaju no conselho da fundação, o que foi rejeitado pela bancada do prefeito João Alves Filho.
"Lastimavelmente, não logramos êxito nessa proposta que fizemos, mas vamos continuar insistindo na necessidade de termos conselhos que possam, em todos os setores, efetivamente representar a nossa sociedade com representantes que tenham legitimidade", manifestou.
Iran Barbosa afirmou que vem de muito longe acompanhando as pautas e as lutas do movimento dos artistas e músicos sergipanos. Lembrou que a comunidade artística há muito que carece de espaços para expor seus trabalhos. "Aracaju é a capital de todos os sergipanos e é onde devem pulular iniciativas no sentido de valorizar e promover a cultura local e o sindicato é um instrumento fundamental de luta por valorização dos nossos músicos", enfatizou.
"Um país que não prioriza a cultura termina se pendendo, porque sequer tem reconhecimento de sua própria identidade", finalizou o vereador.
Fonte: Agência Câmara

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